Arquivo da categoria: PRETÉRITO IMPERFEITO DE TERRITÓRIOS MÓVEIS (PESQUISA)

FINISSAGE / LANÇAMENTO DO CATÁLOGO

Fica até o proximo domingo, 17 de abril, a mostra Pretérito Imperfeito, no MAC-RS/Galeria Xico Stockinger, na Casa de Cultura Mario Quintana. No próximo sábado, das 11h às 13h, será lançado o catálogo da exposição, com distribuição gratuita

finissage / lançamento do catálogo da exposição ‘PRETÉRITO IMPERFEITO DE TERRITÓRIOS MÓVEIS’, fotografias de FLAVYA MUTRAN

 16 DE ABRIL DE 2011, sábado, das 11 às 13H

LOCAL

Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul / Galeria Xico Stockinger, 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana

Rua dos Andradas, 736 – Bairro Centro Histórico – Porto Alegre

HORÁRIOS DE VISITAÇÃO – ATÉ 17 DE ABRIL

Segundas, das 14h às 21h / De Terça a Sexta, das 10h às 21h / Sábados, Domingos e Feriados, das 12h às 21h

SAIBA MAIS: http://territoriosmoveis.wordpress.com

PRETÉRITO IMPERFEITO

PRETÉRITO IMPERFEITO DE TERRITÓRIOS MÓVEIS é uma pesquisa experimental sobre a visualidade dos álbuns de Redes Sociais e sobre as possibilidades de transposições de imagens do meio virtual para o físico. As experimentações se dividiram em duas linhas cujo enfoque se deu no uso interativo da fotografia com dispositivos online que abordam o rosto como território e territórios como rostos/caras de pessoas, de lugares. É no rosto, e até na ausência dele, que se situam as séries EGOSHOT, BIOSHOT e THERE’S NO PLACE LIKE 127.0.0.1, respectivamente.
São os disparos (SHOTS) de câmeras fotográficas em diferentes tipos de superfícies fotográficas (PLACES), que determinaram a titulação das séries, e ter adotado palavras em inglês não se deu à toa, pois são elas que mais abrem as portas dos ambientes digitais, e daí considerá-las não só como palavras-chaves , como também espécies de imagens-territórios.
A chamada WEB 2.0 permite que qualquer usuário estabeleça sua própria maneira de se relacionar com textos, sons e imagens, criando ele mesmo seus deslocamentos, apropriações, paródias e outros tipos de procedimentos restritos antes ao campo das artes.
Fotografando as projeções de ambientes virtuais em paredes, escadas, portas, reflexos em vidros e espelhos dos territórios íntimos, se estabeleceu uma conexão com algo que vai além da mera apropriação, por se tratar de fato de algo muito próximo do exercício da alteridade. Apropriando-se das imagens de terceiros (no duplo sentido: imagem do corpo e do espírito do outro através do seu olhar) e misturando-as com meus objetos, cenários e até os maneirismos artísticos pessoais, de certa forma mistura-se algo de si a elas e vice-versa, como um diálogo sem palavras, um jogo de espelhos. Ter se colocado no lugar desse outro ‘eu’ se experimentou um pouco do jogo de Alice de Lewis Carroll, onde brinca-se que o ‘eu é um outro’ (‘I ist an other’ ou ‘je est un autre!’) assumindo a forma invertida de conjugar a própria imagem que se reflete no corpo, no rosto e no olhar do outro, nesse sujeito anônimo e desconhecido que se expõe na web sem reservas como se fosse íntimo.
Trata-se, de fato, de um trabalho de apropriação de algo que geográfica e fisicamente estava inacessível para mim, mas ao representar mundos e pessoas da forma como proponho em Pretérito Imperfeito convido novos observadores a visitarem imagens-territórios como se eles de fato existissem através da forma como eu os enxerguei. Não há nada de extraordinário nas imagens, nenhuma inovação tecnológica, proposta ideológica revolucionária, e trata-se antes de uma tentativa de dar a ver como as nossas ferramentas, idéias, comportamentos e artefatos são manipuláveis e investidos de significados múltiplos. Talvez uma constatação para a frase ‘o verdadeiro ato da descoberta não consiste em descobrir novos territórios, mas, sim, vê-los com novos olhos’ de Marcel Proust.
Se a fotografia ajudou a construir as muitas versões do que seja o mundo para nós, é mais do que natural que esse imenso banco de imagens que hoje se encontra online se pareça tanto com um vasto e novo território para constantes descobertas, assim como outros lugares o foram no século XIX por ocasião do surgimento da fotografia. São estas palavras-imagens, e esse passado quase imediato de contorno imperfeito e de pretérito inconcluso que mais me intrigam hoje.

PARA SABER MAIS E ACOMPANHAR AS NOTÍCIAS DO PROJETO ACESSE: http://territoriosmoveis.wordpress.com

Programando Pretérito

Começando a entrar na fase mais gostosa e delicada da mostra Pretérito: o catálogo. Gosto cada vez mais das coisas simples, limpas e sem rebuscamentos. Fáceis de ver e boas de ler.

O projeto gráfico da Mostra inclui identidade visual para a galeria, press releases, convites, website, catálogo e, claro, tudo o que envolverá a parte gráfica da dissertação no IA/UFRGS. Por enquanto tudo dentro do cronograma. Idéias não faltam.

Acima, vista geral da Galeria Xico Stockinger, na Casa de Cultura Mario Quintana, onde será a Mostra Pretérito a partir de março de 2011. Porto Alegre/RS
Foto: Flavya Mutran

Entre Territórios

Todo mundo já sabe que a Anpap é uma Associação de Pesquisadores que há mais de 10 anos se dedica aos interesses da Arte feita no Brasil e fora dele. Este ano, fui pela primeira vez a um evento da Associação e pude constatar, de perto, a importância das iniciativas do grupo. A 19ª versão do Encontro anual dos anpapianos girou em torno das questões sobre territórios e multiplicidades de ações dentro e fora da academia.

Vida longa aos encontros e para quem quiser acessar os anais dos encontros e ler os textos sobre os mais diferentes caminhos da pesquisa em arte e sobre arte no Brasil, veja o link: http://www.anpap.org.br/

Aqui o link para meu artigo: http://www.anpap.org.br/2010/pdf/cpa/flavya_mutran_pereira.pdf

painel apresentado no 19° Encontro da ANPAP, em Cachoeira/BA - setembro de 2010

Muito tempo sem postagens

Tá ok que esse espaço não é um diário formal – embora tenha sim um caráter particular, um interesse óbvio de arquivar virtualmente alguns trabalhos, imagens e idéias pessoais -, mas também esse blog não tem qualquer compromisso público com assiduidade, certo? Porém, hoje me dei conta que tenho montes de posts por escrever acumulados na cabeça, e mil promessas não cumpridas escritas na minha agenda  de papel. Pena eu não ser tão rápida nas minhas tarefas diárias nesta atual fase de estudante. Se eu fosse capaz (ou se tivesse um pouco mais de saco) tiraria 15 minutos diários para atualizar os 2 blogs que inventei, e quem sabe assim engordar os insights que as vezes se perdem na formalidade da escrita da dissertação. Quem dera…

Percebi estes dias que o que mais atualizo online são as fotos do FB, Flickr e Orkut. Mesmo estando quase sempre online, passo cada vez mais tempo plugada em imagens e menos em textos. Falta ainda, na lista de tarefas  a fazer, criar um blog sobre Pretérito Imperfeito, antes da abertura da Mostra, em fevereiro de 2011. E falta, principalmente, fazer isso antes da defesa da disssertação, em março do mesmo ano. Haja fôlego!

Territórios Ficcionais

 ‘Pretérito imperfeito de territórios móveis’ é uma pesquisa sobre imagens de coleções fotográficas virtuais que investiga não só os meios de produção e impressão de imagens eletrônicas em seus diferentes aspectos, como também questiona as representações simbólicas que tais imagens suscitam no campo das artes. Tenho feito o caminho inverso, indo do pixel ao grão, e abandonado o referencial original (a natureza) para me fixar na representação feita pelo olhar de outros protagonistas.

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A partir da seleção desses registros disponíveis em coleções públicas de sites de relacionamento na web, eu passo a refotografar estas imagens do meu ponto de vista, interferindo no meio de exibição (monitor e projeções intercaladas), nos ângulos e distorções de toda espécie. Um certo tipo de apropriação, mas que desloca o referente imediato de forma drástica. Ao me apropriar de fotografias já produzidas por terceiros, refotografando-as sob meu ponto de vista, crio novas referências visuais deslocadas do contexto original, adaptando-as à criação de outras narrativas, jogando com a objetividade e ficção denotativa e conotativa que as imagens fotográficas têm. Verificar até que ponto a transmutação de imagens numéricas – que não mais representam o real, e sim simulam o real – me serve como discurso ficcional, um tempo pretérito e imperfeito porque incerto e impalpável de um território móvel que existe somente na virtualidade luminosa dos pixels.

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Visto assim, tenho criado álbuns de pessoas e cidades inexistentes enquanto definição física e geográfica formal, porque além de conceituais não são reais, são quase invisíveis. São lugares que só existem enquanto figurações de simulações numéricas, eletrônicas. Rostos de pessoas que nunca existiram a não ser na sobreposição de luz que se desenha nos meus filmes. São fragmentos de álbuns com rostos de personagens anônimos, sem corpo físico imediato a não ser o que emana da luz RGB dos monitores LCD[1].

Flavya


[1] RGB é a abreviatura do sistema de cores aditivas formado por Red (Vermelho), Green (Verde) e Blue (Azul) de projeções de luz em monitores de computadores e datashows e LCD, Liquid Crystal Display, também uma tela eletrônica composta de transistores de filme finos (TFTs), utilizados para exibir a cor das imagens em diferentes tipos de aparelhos eletrônicos móveis ou não.